13 Sentimentos (Perfect Endings)

Crítica

Sempre que um novo filme LGBT+ estreia nos cinemas brasileiros, fico empolgado.

Minhas expectativas para “13 Sentimentos” eram altas, especialmente considerando o diretor Daniel Ribeiro, conhecido pela sua estreia com o delicado, emocionante e aclamado “Hoje Eu Quero Voltar Sozinho”.

O diretor anunciou este projeto de ’13 Sentimentos’ há dois anos, e algumas entrevistas e sites indicavam que o roteiro é baseado em fatos da sua própria vida – como a separação depois de 10 anos de casado. Eis que a minha principal crítica ao filme está no personagem principal, o João (Artur Volpi), que é um ser insuportavelmente egocêntrico, algo característico e comum a muitos jovens gays (não é uma crítica pessoal ao diretor, mas sim ao personagem). Identifiquei-me inicialmente com algumas situações cotidianas e clichês do filme, pois muitos de nós já fomos jovens, tóxicos, irresponsáveis e negligentes na juventude. No entanto, o filme não explora de maneira profunda o arco emocional do protagonista e coadjuvantes, apenas tomando decisões sobre dramas do ‘EU’, e sempre permanecendo na superfície.

Os personagens mais interessantes, que nos proporcionam gargalhadas, falas e momentos memoráveis são a melhor amiga lésbica Alice e o melhor amigo preto LGBT+ afeminado Chico, interpretados pelos ótimos Julianna Gerais e Marcos Oli. No entanto, seus arcos emocionais são ignorados no roteiro, na comunicação do filme e na sinopse.

Não querendo problematizar a falta de espaço e representatividade LGBT+/cor no elenco, até porque eles estão lá, mas desempenham papéis secundários de suporte ao protagonista (como escadas em muitas comédias), faltou também diversidade de corpos pensando em outros exemplos do Cinema Queer Brasileiro recente, até porque João é gay branca de classe média carismática em alguns momentos e imaturo em outros, transmitindo toda a vaidade e presunção dos representantes da letra G na sigla LGBT+.

As situações de um jovem LGBT vivendo na região central de São Paulo parecem sempre de fácil resolução. Entendo que nem todo filme, seja ele LGBT ou HT, precise ser profundo, ou provocar discussões sobre temas, pode sim ser uma “comédia romântica gay”. No entanto, acho que o estereótipo de gays que precisam de um homem para serem felizes já está ultrapassado e talvez agrade mais às plateias heterossexuais cis gênero.

De qualquer maneira, é sempre bom ver um filme bem feito, com fotografia, trilha sonora e direção de arte bem executadas e com qualidade, sendo financiado e exibido nos cinemas brasileiros em uma data importante como o “Dia dos Namorados”.

Assista “13 Sentimentos” nos cinemas nesta quinta-feira, dia 13/06/2024.

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